Quem somos?

 

Nós, profissionais da educação da rede estadual de Caxias do Sul, professores e funcionários, sócios do sindicato dos professores 1º Nucleo CPERS, criamos o Cartografias Nômades - grupo de discussão e análise de conjuntura, com o objetivo de aprofundar reflexões sobre a experiência cotidiana, apoiando-nos em referencial teórico sintonizado com autores relevantes, que contribuem para o exercício criativo em educação e para a prática comunitária. O grupo surgiu em meio à pandemia de COVID-19 em 2020, com encontros on-line. O nome é inspirado nos Diálogos* entre Gilles Deleuze com Felix Guattari, que dedicou escritos ao tema da cartografia, em seus ensaios afirma que nós como indivíduos ou grupos, somos feitos de linhas.

Deleuze distingue esquematicamente 3 tipos de linhas: a linha dura, a linha flexível e a linha de fuga. A linha dura ou segmentária é aquela que recorta nossa vida em segmentos bem delimitados: criança ou adulto, trabalhador ou empresário, homem ou mulher, branco ou negro, centro ou periferia - são códigos binários ou representações molares que nos definem. A linha flexível diz respeito a microdesvios, limiares ínfimos, molecularidades das crenças e desejos, da percepção e dos afetos: é todo um mundo de agitações e variações, de franjas incertas e pequenas mutações intensivas. Por fim, a linha de fuga ou nômade é aquela que foge e faz fugir um mundo, como se alguma coisa nos levasse, através dos segmentos, mas também através de nossos limiares, "em direção de uma destinação desconhecida, não previsível, não preexistente". As três linhas são imanentes, estão emaranhadas. Elas nos definem e nos constituem, mas também nos arrastam para longe de nós mesmos. Elas nos prendem ou nos libertam, nos cristalizam ou inventam para nós uma saída. Cartografar essas linhas, seja na vida individual ou coletiva, é uma tarefa incessante e criadora - a própria criação poderia ser definida como o traçado dessas linhas.

(...) 

Se essa cartografia tem sentido pragmático, é precisamente o de avaliar os perigos e as chances de cada linha a cada momento. trata-se de perguntar, em cada caso, quais segmentos duros nos constituem e recortam nossas vidas, mas também quais outros estamos deslocando, inventando, e sobretudo quais os perigos se os fizermos explodir rápido demais, E, ao mesmo tempo, como experimentar as linhas de fuga que temos chance de traçar a cada instante, e por onde fazê-las passar. Se a micropolítica é a cartografia incessante das linhas, a política é a sua experimentação ativa, e "nunca se sabe o que vai acontecer com uma linha", como se vai fazê-la passar em qualquer lugar.

Atualmente o grupo é conduzido pelas educadoras Alessandra Lazzari, Joanilda Londero⁩ e Thaís Leite que, com um olhar multidisciplinar, elegem um tema pertinente ao contexto educacional da atualidade, fazem curadoria de textos com autores alinhados com a perspectiva da educação democrática e filosofia da diferença. As educadoras preparam uma introdução dos mesmos com o objetivo de abrir o diálogo contextualizando teorias e práticas educadoras, fazendo um acolhimento das necessidades d@s trabalhador@s, propondo ferramentas de ações coletivas. DELEUZE, Gilles; Diálogos, trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998.

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